As festas sagradas celebradas, a cada ano, pelo povo israelita, as santas convocações (Levítico 23:1-44), eram festas solenes do Senhor como símbolos da redenção e da consagração. Eram festas destinadas a comemorações e adoração, com o objetivo de fazer o povo de Israel refletir sobre a bondade de Deus e recordar que eram o povo escolhido por Deus.

Essas festas foram instituídas por Deus, como parte da aliança do Monte Sinai (Êxodo 23:14-19). A maioria dessas festas se relacionava com as atividades agrícolas e também com os acontecimentos históricos de Israel. Todos os hebreus deveriam deixar obrigatoriamente seus trabalhos para se dedicarem setenta e sete dias do ano a cultuar a Deus e participar das três festas dos peregrinos (Êxodo 23:17): Festas da Páscoa, do Pentecostes e dos Tabernáculos.

1. Festas de Primavera

As festas celebradas pelo povo israelitas na primavera (primeiro ao terceiro mês do calendário hebraico) são alusivas à primeira vinda de Jesus. São elas: 1ª - Páscoa; 2ª - Pães Asmos; 3ª - Primícias e 4ª Pentecostes.

1.1. Festa da Páscoa (Levítico 23:5; Êxodo 12:1-14)

Esta primeira festa ocorre aos catorze dias do 1º mês de Abibe do calendário hebraico como lembrança da saída do Egito. Era celebrada como estatuto perpétuo (Êxodo 12:14). Páscoa, no hebraico Pesah, significa “pular além da marca” “passar por cima”, ou “poupar”. Assim, pelo sangue do cordeiro morto, os israelitas foram protegidos da condenação à morte que foi executada contra todos os primogênitos egípcios.

Antes da crucificação Jesus participou da última Ceia com os seus discípulos em Jerusalém (Mateus 26:1, 2, 17-29). Jesus foi crucificado na Páscoa como Cordeiro de Deus (João 1:29; 1 Coríntios 5:7) para libertação de todos que nEle crêem.

1.2. Festa dos Pães Asmos (Êxodo 12:17, 18)

Esta segunda festa ocorre aos catorze dias do 1º mês, o mês de abibe do calendário hebraico, à tarde (Êxodo 12:17, 18), ou seja, começo do décimo quinto dia (Levítico 23:6) aos vinte e um dias do 1º mês do calendário hebraico. Representava a consagração do povo israelita sendo redimidos por Deus no Egito. Nela, os hebreus deveriam comer o pão sem fermento por sete dias (Êxodo 13:7; Deuteronômio 16:3), pois o fermento representa o pecado e os pães asmos simbolizam o arrependimento e a dedicação a Deus. "Bendito o Deus de nossos pais que nos dá o pão da terra" (Êxodo 16:32; Números 15:19).

1.3. Festa das Primícias ou Primeira Colheita (Levítico 23:9-14)

Esta terceira festa ocorre no terceiro dia após o dia da páscoa e ocorre em conjunto com a Festa dos Pães Asmos. Nela, os israelitas celebravam o início de colheita da primavera (outono no Brasil) para ofertar a Deus. Essa festa aponta para a ressurreição de Jesus Cristo, que se tornou "primícias" dos que dormem (1 Coríntios 15:20). Assim, os cristãos são as primícias da obra redentora de Cristo Jesus (Tiago 1:18; Apocalipse 14:4).

1.4. Festa do Pentecostes ou das Semanas (Levítico 23:15-22)

Esta quarta festa era celebrada no 3º mês de Sivã do calendário hebraico, aos cinquenta dias após a Festa das Primícias (Levítico 23:16). Ocorria no final da colheita do trigo durante sete semanas inteiras (Deuteronômio 16:10). Também chamada Festa das Semanas ou Festas da Sega (colheita). No dia de Pentecostes, que significa “quinquagésimo”, os hebreus glorificavam a Deus pela fartura de alimentos. Foi também no dia de Pentecostes que o Espírito Santo encheu toda a casa onde os discípulos estavam reunidos, cumprindo assim a promessa que Jesus havia feito a Eles (Atos 2:1-4).

2. Festas de Outono

As festas do outono (5ª Trombetas; 6ª Expiação e 7ª Tabernáculos) celebradas pelo povo israelita fazem referência à segunda vinda de Jesus. O Dia e a hora, ninguém sabe, como diz a Bíblia no Evangelho de Marcos 13:32. No entanto, sabem-se os tempos e há o entendimento de que Jesus cumprirá o calendário hebraico. Essas três festas ocorriam no sétimo mês de Tishrei ou Etanim, do calendário hebraico.

2.1. Festa das Trombetas (Levítico 23:24)

Esta quinta festa é a primeira do outono, ocorre no primeiro dia do primeiro mês do calendário hebraico, entre os dias 22 a 24 de setembro. Essa festa é para lembrar que o dia da expiação se aproximava (Levítico 23:26-32) e que Deus no passado desceu no Monte Sinai e o povo subiu ao Monte para se encontrar com Ele (Êxodo 19:10-13 e 16-19), Deus falou com Moisés nesse mesmo monte e ordenou para o povo se santificar no primeiro e no segundo dia, pois no terceiro dia Deus falaria com o povo.

Por outro lado, essa festa também aponta para o futuro, pois se refere ao arrebatamento, à vinda de Jesus para buscar a sua Igreja (Mateus 24:36-44). Os judeus a conhecem como Rosh Hashaná, ou seja, inicio de um novo ano para a nação israelita, um dia de jubilação (Números 9:1). Trombetas em hebraico é Yom Teruá, oriundo do chifre de carneiro (Shofar). 1 Tessalonicenses 4:16, 17.

2.2. Festa das Expiações (Levítico 16:29-34; 23:26, 27)

Esta sexta festa ocorre no décimo dia do sétimo mês do calendário hebraico, entre os dias 27 a 28 de setembro. É a festa do Yom Kippur (dia do perdão), o dia mais importante do calendário hebraico. Nessa festa, o Sumo Sacerdote se banhava, vestia as vestes sagradas, matava um novilho, entrava no lugar santíssimo e aspergia no propiciatório (tampa da arca) sete vezes com o dedo pelos seus pecados e de sua família (Levítico 16:11-14). Após sair do lugar santíssimo, tomava dois bodes e, sobre eles, lançava sortes: um seria o bode do sacrifício (o imolava pelos pecados do povo, e levava seu sangue para além do véu, e aspergia sobre o propiciatório). A seguir, voltava e tomava o outro bode vivo (bode expiatório (Levítico 16:8) chamado de Azazel), impunha as mãos sobre a sua cabeça, confessava os pecados de toda nação israelita e levava-o para o deserto, como símbolo que os seus pecados eram levados para fora do arraial (Levítico 16:21, 22).

2.3. Festa dos Tabernáculos ou Cabanas (Levítico 23:33-43)

Esta sétima festa ocorre aos quinze dias do mês de Tishrei (02 a 09 de outubro), shana tova (ano novo) para Israel. Também chamada de festa das cabanas (tendas) e festa da colheita, onde os hebreus comemoravam o término da colheita dos frutos do verão. Essa festa é para os israelitas lembrarem-se da bondade de Deus durante os 40 anos de peregrinação no deserto, morando em tendas ou cabanas, ou seja, é a festa de gratidão. Essa festa é para todas as famílias da terra, não é uma exclusividade para Israel. Em João 1:14 “O verbo se fez carne e habitou “tabernaculou” entre nós”, ou seja, na primeira (1ª) vinda JESUS veio e armou seu tabernáculo, do grego “Skenoo”, Ele é o mesmo, ontem hoje e eternamente (Hebreus 13:8).

Outras comemorações

Santa Convocação: Essa celebração acontecia em 22 de Tisri (entre os meses de Setembro e Outubro). Tinha o propósito de comemorar o fechamento do ciclo de festividades. Era um dia de convocação, descanso e oferta de sacrifícios (Levítico 23:36; Números 29:35-38).

Festa de Purim: Celebrada nos dias 14 e 15 de Adar (entre os meses de Fevereiro e Março). Tinha o propósito de festejar a libertação dos judeus no Tempo de Ester. Era um período de muita alegria e comemoração, e o livro de Ester era lido (Ester 9:18-32).

Ano de Descanso (ou Ano Sabático): Celebrado a cada sete anos e tinha o propósito de dar tempo para a terra descansar. Durante o Ano Sabático não havia cultivo (Êxodo 23:10-11; Levítico 25:1-22; Deuteronômio 15:1-18).

Ano do Jubileu: Celebrado somente a cada cinquenta anos com o propósito de ajudar os necessitados e manter a ordem social. No Ano do Jubileu muitos escravos eram libertos e as terras eram devolvidas aos proprietários originais (Levítico 25:8-11; 27:17-24; Números 36:4).

Jesus representado nas Festas Sagradas

Na festa da PÁSCOA Jesus morreu, na festa dos PÃES ASMOS Jesus é o pão que nunca pecou, na festa das PRIMÍCIAS Jesus ressuscitou, na festa do PENTECOSTES Jesus enviou o Espírito Santo, a festa das TROMBETAS aponta para um tempo futuro que representa o arrebatamento da Igreja, no YOM KIPPUR representa o tempo de justiça e do juízo de Deus (grande tribulação), na festa dos TABERNÁCULOS o povo agradecia a Deus por tudo, a festa da gratidão. "Assim, pronunciou Moisés as solenidades do SENHOR aos filhos de Israel" (Levítico 23:44).

O propósito de Deus ao instituir as santas convocações ao povo de Israel era fazer os israelitas refletirem sobre a bondade de Deus e também para lembrarem sempre que eram o povo escolhido de Deus.