Antes de qualquer suposição sobre o que pode significar o Espinho na Carne de Paulo, é necessário considerar que Paulo estava relatando uma experiência celestial que lhe foi concedida por Deus. Ele a descreve da seguinte forma: “Conheço um homem em Cristo que há quatorze anos foi arrebatado ao terceiro céu”.

O apóstolo demonstrou à Igreja que não se gloriava por ter tido essa tão grande revelação, mas gloriava-se por ser “Um homem em Cristo” e por ter o privilégio de ser um Cristão. Paulo deixou claro que não havia motivos para se gloriar em si mesmo, senão nas próprias fraquezas.

Versículo base sobre o Espinho na carne de Paulo

“E para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo”.

2 Coríntios 12:7-9

O Senhor quer que seus vasos continuem de barro “para deixar claro que um poder tão surpreendente vem de Deus e não do homem”. A razão por trás da revelação de sua maravilhosa experiência, era que ele poderia expor e explicar a sua maior deficiência.

Paulo deixa claro que o propósito do espinho era para ele não se exaltar. Desse modo, o apóstolo poderia exercer seu ministério na mais profunda humildade. Paulo entendia que bastasse Deus retirar a sua boa mão, e ele estaria inteiramente sob o poder de Satanás.

Embora não seja possível afirmar sobre o que exatamente o apóstolo estava se referindo ao falar sobre seu “Espinho na carne”, há algumas suposições listadas abaixo:

Primeira hipótese

Paulo se referia às tentações da natureza carnal ou impureza?

Essa possibilidade será descartada, pois Paulo atesta em 1 Coríntios 7:7 “… quisera que todos os homens fossem como sou”.

Segunda hipótese

Outra suposição é de que Paulo se referia às incessantes perseguições e atos de violência que sofria por ser um apóstolo de Cristo. Esta linha de pensamento trata da perseguição por parte dos judeus, os quais o irritavam de modo permanente, perante os gentios.

Terceira hipótese

Uma suposição mais comum quanto à natureza do Espinho na Carne, é a de uma debilidade corpórea ou mesmo uma doença. Há indicações em suas cartas de que sua condição física lhe causava dificuldades de tempos em tempos. Aos Gálatas ele escreveu: “Vós sabeis que primeiro vos anunciei o evangelho estando em fraqueza da carne. E não rejeitastes, nem desprezastes isso que era uma tentação na minha carne; antes, me recebestes como um anjo de Deus, como Jesus Cristo mesmo” (Gálatas 4:14).

Quarta hipótese

Outra hipótese argumenta que o espinho na carne seria um inimigo pessoal, ou seja, uma pessoa que transmitia calúnias a respeito de Paulo com o objetivo de fazê-lo cair em descrédito. Essa suposição é defendida por causa do seguinte trecho: "...a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear" (2 Coríntios 12:7). Segundo o dicionário de Wycliffe (CPAD), é mais provável que o termo mensageiro, nesse versículo, seja uma referência a um ser humano, ou a um espírito opressor usando tal pessoa.

O espinho na carne do Cristão - Aplicação prática

É importante lembrar que são apenas hipóteses, pois não dá para saber ao certo o que significava. Ele não falou de modo claro o suficiente. Mas, por outro lado, é correto inferir que, assim como Paulo, todo cristão também tem o seu “espinho na carne”, algo que o faz dependente de Deus a cada dia.

Para concluir, fica evidente que mesmo diante do sofrimento causado pelo espinho na carne, Deus manifestou seu poder na vida de Paulo, quando deu uma resposta definitiva à situação: “A minha graça te basta, porque o meu Poder se aperfeiçoa na fraqueza (2 Coríntios 12:9). O versículo expressa que o sofrimento de Paulo era necessário, porque o poder divino se aperfeiçoa na fraqueza humana e cumpre seu propósito quando o homem alcança o ponto de absoluta rendição a Cristo. Só então ele se torna um instrumento adequado nas mãos de Deus.

“O poder de Deus alcança sua máxima intensidade, em nós, quando estamos totalmente rendidos a Ele, e isso acontece quando percebemos o quanto somos fracos e dependentes dEle”